correr no seu Introdução:
Há uma constante discussão sobre as propostas pedagógicas e intervenções para educação de qualidade nas instituições de ensino, sejam elas de nível superior ou ensino básico. A educação de qualidade pode ser conceituada por alguns estudiosos como diferentes etapas de escolaridade de modo sistemático, ou ainda, compreendida como um elemento constitutivo e constituinte das relações sociais mais amplas, ou seja, envolvendo o ensino e vida, conhecimento e ética, reflexão e ação, ter uma visão de totalidade \cite{moran2015,oliveira2009}.
Deve-se destacar que a qualidade é necessária, embora tenha certo custo e duplo sentido. Por exemplo: “Na terminologia do moderno mercado mundial, “qualidade” quer dizer "excelência”, e "excelência”, "privilégio", nunca "direito"... Em suma: os que falam sobre “qualidade do mercado” referem-se sempre à qualidade dos "incluídos" ou "integrados", mas nunca à dos "excluídos" ou "marginais". São essas as consequências políticas do discurso da qualidade como nova retórica conservadora no campo educacional” \cite{gentili1994}. Esse é o discurso da eficiência e da ineficiência no mercado, tornando-o competitivo ou não, ou seja, avalia o produto e não o processo. O segundo sentido apresentado pelo mesmo autor é que “Um novo discurso da qualidade deve inserir-se na democratização radical do direito à educação. Isto supõe que, em uma sociedade plenamente democrática, não pode existir contradição entre o acesso à escola e o tipo de serviço por ela proporcionado. Assim como não há democratização sem igualdade no acesso, tampouco haverá sem igualdade na qualidade recebida por todos os cidadãos e sem a abolição definitiva de qualquer tipo de diferenciação e a segmentação social. Claro que isso não supõe "baixar o nível de todos ". Supõe, pelo contrário, “elevá-lo”, transformando a qualidade em um direito e não em uma mercadoria vendida ao que der a melhor oferta. A escola pública é o espaço no qual se exercita este direito, não o mercado.” Em suma, a qualidade deve ser oferecida a todas as pessoas, sem distinção, e da mesma forma \cite{gagno2009}.
De forma geral, o ensino de qualidade é uma junção de componentes, no qual não se pode deixar de lado o projeto pedagógico bem estruturado, a infraestrutura das instituições, os projetos e programas que estão envolvidos, metodologias inovadoras, uso de tecnologias, docentes capacitados e alunos motivados e preparados para a série que estão matriculados.
Os fatores que constituem um ensino de qualidade vão muito além de conteúdos e de práticas pedagógicas excelentes, ou de mera qualidade técnica, mas sim na busca de uma qualidade política no sentido de compreender como as relações se dão na sociedade em que estão inseridos. O ensino de qualidade começa com os fatores sociais e tanto a universidade como a escola devem estar cientes do contexto social em que estão inseridas, o projeto político pedagógico deve ser voltado para reduzir ao máximo as diferenças sociais entre os pares.
A qualidade na educação deve estar compreendida sob diferentes dimensões levando-se em conta os olhares de cada componente e por isso é importante a reflexão de todos os envolvidos. Uma educação de qualidade requer projeto pedagógico bem estruturado, infraestrutura adequada, metodologias inovadoras, materiais didáticos suficientes, tecnologias de ensino que supram a necessidade, docentes capacitados e alunos motivados e de posse dos conhecimentos básicos necessários para atual série que estão matriculados. Tanto a infraestrutura quanto ações práticas e reflexões teóricas são necessárias para mostrar a relevância da educação na vida dos alunos e acadêmicos. Professores bem capacitados e bem remunerados são fatores essenciais na construção de uma educação de qualidade.
A capacitação pode ser desenvolvida por meio de oficinas diversas, dentre elas de tecnologias, cursos, minicursos ou ainda por meio de extensão e parcerias entre as universidades e as escolas. Uma formação continuada reorganizada de acordo com transformações econômicas, sociais, culturais e políticas para um novo indivíduo, inserido em uma sociedade também nova. A remuneração e valorização dos professores também deve ser observada e se dá por intermédio da garantia de direitos, salários justos, carga horária de trabalho que seja compatível com as atividades realizadas, lançando mão de jornadas menos extenuantes \citep*{lessard2011}.
Mesmo diante de tantas ferramentas inovadoras no campo da educação que estão em ascendência hoje o professor ainda encontra muitas dificuldades em sala de aula, não só que diz respeito à motivação dos alunos para a aprendizagem, mas a própria valorização e condições de carreira a que são submetidos.
Neste contexto, este artigo tem como objetivo refletir estes componentes dentro do processo de aproximação entre Universidade e Escola na formação de professores de Ciências/Biologia, no Programa de Residência Pedagógica (RP), desenvolvido pela UNESPAR, Campus Paranaguá. Todas as reflexões e apontamentos tratam de um trabalho coletivo em que os componentes foram elencados nas reuniões realizadas semanalmente e foram sendo paulatinamente discutidos e refletidos entre preceptores, residentes e coordenação.
Universidade e escola: espaços híbridos de formação e aproximação
O RP é uma das ações que integram a Política Nacional de Formação de Professores e tem por objetivo induzir o aperfeiçoamento da formação prática nos cursos de licenciatura, promovendo a imersão do licenciando na escola de educação básica \cite{1l064}. Assim no RP a articulação dos saberes práticos dos professores, escolas e a supervisão da universidade acontece inevitavelmente. Conforme defende Nóvoa, a formação deve ocorrer no seu exercício e que apenas a prática cotidiana da escola leva ao real entendimento da profissão \cite{nvoa2019}.
Assim como o Programa de Iniciação à Docência (Pibid), o RP é um programa que propicia a saída do isolamento dos ambientes formais da universidade de forma criativa para a formação docente, pois um problema comum no início da profissão de educador é a falta de experiência em sala de aula. Além disso, na maior parte dos casos, os professores iniciantes são recebidos sem apoio, são obrigados a lecionar nas turmas mais difíceis, atuam em condições complicadas e, por vezes, com pouca ou nenhuma orientação e acompanhamento \cite{Cunha_2006,2009}.
No RP há uma troca de aprendizados com professores experientes, e que o licenciando se depara com situações e problemas do dia a dia escolar, adquire práticas de posicionamento frente aos alunos e de como se relacionar com os mesmos. Assim como destaca \citet{moretti2011}, se aprende com as práticas do trabalho, interagindo com os pares, enfrentando as situações e propondo soluções para os problemas.
\citet*{fontoura2015} i
Estabelecer relações entre a formação de professores e os projetos educativos das escolas torna-se indispen- sável ao se propor uma ação efetiva de for- mação docente.